Uma parceria estratégica que contribui para uma “oferta diferenciada e completa das necessidades da saúde digital do setor público e privado” – pode ler-se no comunicado que a Healthy Systems (empresa spin-off U.Porto incubada na UPTEC) e a Glintt (uma multinacional de tecnologia e consultoria) lançaram no passado mês de julho. A Glintt passa a deter agora 51% do capital social da startup.

Criada por Ricardo Correia, Luís Filipe Antunes, Eduardo Correia e Alexandre Augusto, todos eles antigos estudantes das faculdades de Ciências (FCUP) e Medicina (FMUP) da Universidade do Porto, a Healthy Systems é uma empresa especializada nas áreas da Cibersegurança, Proteção de dados e Integração dos Sistemas de Informação, principalmente em contexto clínico e hospitalar.

Ricardo Correia, CEO da spin-off da U.Porto, revela que a Glintt “foi uma escolha óbvia” para abrir oportunidades em Portugal e no estrangeiro, depois de alguns anos de consolidação do modelo de negócio e da oferta da Healthy Systems: “Percebemos que teríamos dificuldade em aumentar o número de clientes com a estrutura atual, e que faria mais sentido procurar investimento inteligente junto de uma entidade complementar que conheça o mercado”, conta.

Já a Glintt considera que “as sinergias entre ambas as empresas são o maior ativo da parceria”, bem como a “capacidade conjunta de atuar no ecossistema de saúde com soluções que melhoram a eficiência das unidades de saúde e a qualidade de vida dos seus utentes”, revelam os representantes daquela que é a maior empresa de consultoria e tecnologia a atuar no setor da saúde em Portugal. “A Healthy Systems é, sem dúvida, um player de enorme relevo nas áreas de interoperabilidade, segurança e auditoria dos sistemas de informação e, em particular, na saúde. É uma spin-off com uma cultura de rigor, proximidade na entrega, capacidade de inovar e proximidade à academia, fatores que são muito relevantes para nós”, revelam os representantes da Glintt.

Negócios essenciais em tempos de pandemia

“Para que a saúde seja cada vez mais digital, mais ágil e mais próxima, é necessária uma complementaridade de soluções e de conhecimentos que são a base para construirmos esta parceria entre a Glintt e a Healthy Systems”, referem os representantes da multinacional, dando especial ênfase ao momento atual que, este ano, fez parar o mundo: a pandemia da COVID-19.

Para a Healthy Systems, a pandemia “tornou óbvia a necessidade de sistemas de informação em saúde robustos e que promovam a circulação segura de dados”, explica Ricardo Correia, que é também docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e investigador do CINTESIS. Na opinião dos fundadores, esta pandemia – e outras que possam surgir – “só pode ser controlada e vencida com recurso a dados de qualidade, mantendo a matriz de proteção de dados pessoais que tem caracterizado a Europa.” Assim, a área de atuação da spin-off tem sido central nas discussões relacionadas com a COVID-19, e os membros da Healthy Systems esperam que “haja um investimento forte neste tipo de sistemas de informação em saúde nos próximos anos”.

Esta visão é partilhada pela Glintt, o que deu também parte do mote à parceria entre ambas. Para a multinacional, a “capacidade de os sistemas de informação comunicarem é um elemento fundamental na persecução do hospital inteligente, digital e mais humanizado”, referem, acrescentando que o momento atual é “um demonstrador desta necessidade de haver mais tecnologia ao dispor de todos os intervenientes no ecossistema”.

Olhar o futuro

Ambas as empresas estão alinhadas num significativo investimento em Investigação & Desenvolvimento, partilhando o “compromisso com a excelência e a vontade de melhorar continuamente o ecossistema da Saúde Digital Global”. Assim sendo, acrescenta o comunicado, é “expectável que novas oportunidades surjam para a expansão da Healthy Systems dentro do universo do grupo Glintt, bem como novos mercados”.

Ao pensar no futuro, Ricardo Correia fala da vontade de a Healthy Systems trabalhar, já a partir de 2021, com mais instituições do centro e sul do país, uma vez que atualmente tem parte da sua atividade centrada na região norte. Depois, será a vez de explorar o mercado internacional e, com isso, uma eventual necessidade de aumentar a equipa. No que à I&D diz respeito, a empresa spin-off U.Porto pretende apostar no domínio do IoT “com soluções que integrem dispositivos médicos em ambientes extra-hospitalar, nomeadamente cuidados domiciliários e cidades inteligentes, revela Ricardo Correia.

Como conclui a Glintt, o propósito fundamental é sempre o de contribuir para Portugal “enquanto país na vanguarda da saúde digital, colocando o cidadão no centro – com os seus dados disponíveis e interoperáveis – com um sistema de saúde mais produtivo, com maior segurança da informação, com o recurso a algoritmos de apoio à decisão para potenciar otimização das operações em saúde e uma decisão clínica mais personalizada e eficaz”.