BioECOchar, DM4DPD, PEPILSKIN, PepTRAP, SIMIC e UPWIND. Foram estes os nomes dos projetos escolhidos para receber financiamento na edição 2024/2025 do BIP PROOF. São trabalhos de diferentes áreas de investigação, provenientes de diferentes entidades ligadas à Universidade do Porto, com as mais diversas preocupações em mente. Cada projeto recebeu 10 mil euros de financiamento na iniciativa da U.Porto Inovação, com o apoio da Fundação Amadeu Dias (FAD) e da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Passado perto de um ano desde a atribuição do financiamento, chegou a altura de os cientistas apresentarem os resultados dos seus projetos ao público. A sessão ocorreu no passado dia 8 de outubro de 2025, nas instalações da UPTEC. Marcaram presença todas as equipas, bem como representantes dos parceiros que tornaram esta edição da iniciativa possível e algumas empresas interessadas no que de melhor se faz na investigação da U.Porto.

Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da Universidade para a Investigação e Inovação, abriu a sessão. Como já tem vindo a referir em outros eventos associados ao BIP PROOF Pedro Rodrigues agradeceu às equipas o esforço e trabalho, nesta que continua a ser uma iniciativa “muito acarinhada porque permite fazer chegar a investigação da U.Porto a níveis de aplicabilidade concretos”, referiu. 

André Fernandes, Diretor da U.Porto Inovação, salientou ainda a importância de sessões de apresentação pública de resultados como esta, para que a U.Porto consiga continuar a trazer e atrair recursos para estas linhas de investigação e para estes projetos que, eventualmente, serão transferidos para a sociedade através de novas empresas ou através de produtos, serviços, e soluções licenciadas ou vendidas a empresas que já estejam em atividade”. Como refere o Diretor, o BIP PROOF é uma iniciativa cuja “procura supera em muito a oferta” [a sétima e oitava edições combinadas, por exemplo, receberam mais de 70 candidaturas e, por isso, a organização espera “atrair cada vez mais fontes de financiamento, mecenas e outras entidades que estejam disponíveis para trabalhar com a U.Porto na maturação e valorização dos resultados de investigação gerados no nosso ecossistema”, referiu.

Desse leque de parceiros já fazem parte a Fundação Amadeu Dias (FAD), que está com o BIP PROOF desde a sua primeira edição, e a Caixa Geral de Depósitos (CGD). João Gonçalves, da FAD, esteve presente, reforçando o apoio aos cientistas: “Este é, sobretudo, o vosso trabalho, que permite levar a investigação em frente”. Joaquim Brandão (CGD), por sua vez, referiu que é para a instituição um “privilégio estar junto de quem produz conhecimento” ao mesmo tempo que alargam a atividade da CGD “para áreas de reconhecimento e valorização pessoal e profissional”.

Perto de um ano depois, como estão os projetos? 

Num ponto quase todas as equipas estavam de acordo: o tempo passado desde a atribuição do financiamento é curto, pois quase tudo o que acontece em ciência leva tempo. No entanto, todas as seis equipas conseguiram apresentar resultados concretos, levados a cabo (também) graças aos 10 mil euros que cada um dos projetos recebeu no BIP PROOF.

DM4DPD e PepTrap, dois grupos de cientistas dedicados à doença de Parkinson, conseguiram, por exemplo, começar testes. A equipa da DM4DPD começou os ensaios em in vitro – agora em fase de conclusão  e nos próximos três anos esperam passar para os ensaios in vivo, já com os ensaios pré-clínicos em mente. A tecnologia PepTrap conseguiu aumentar a maturidade no que diz respeito ao Technology Readiness Level (TRL) e apresentaram resultados farmacológicos “bastante promissores” dos seus ensaios.

A tecnologia Pepilskin surpreendeu a audiência com uma amostra real do seu produto para tratar feridas crónicas. O financiamento obtido permitiu-lhes fazer outsourcing e contratar duas empresas para levar o projeto avante: uma delas fez o teste de irritabilidade em pele humana, que permitiu constatar a ausência de toxicidade do produto.

Na área da energia, os projetos BioEcoChar e UPWIND também mostraram evolução nos últimos meses. No primeiro, uma solução para tratar águas residuais, a equipa conseguiu alcançar um marco importante de remoção dos poluentes em apenas duas horas. Graças a uma parceria com uma fábrica produtora de manjericão, a BioEcoChar conseguiu fazer os testes necessários, revelando que, numa fábrica deste tamanho, os aumentos de faturação aplicando a tecnologia podem chegar a centenas de milhares de euros.

A equipa da UPWIND, além de resultados, levantou um pouco o véu do seu ambicioso plano a curto-médio prazo. Este inclui terminar o Minimum Viable Product (MVP) já no próximo ano, chegando a um “nível de public utility para gerar energia”, referiram. No caso desta tecnologia, cujo objetivo é alargar o acesso a energia acessível, os dez mil euros foram usados essencialmente na construção do protótipo, o que lhes permitiu utilizar outro tipo de recursos disponíveis na comunicação do projeto, nomeadamente na criação de identidade gráfica: logotipo e vídeo.

O projeto SIMIC - monitorização inteligente para comboios – está a desenvolver dispositivos sensorizados e a avançar com testes dos seus protótipos, nos quais vão continuar a investir. O financiamento foi crucial para a submissão de um pedido de patente.

Sobre o BIP PROOF

Criado pela U.Porto Inovação em 2018, o programa BIP PROOF tem como objetivo é criar um sistema de provas de conceito. Essas podem traduzir-se em construção de protótipos de viabilidade técnica, realização de ensaios in vitro/in vivo, estudos de viabilidade ou de mercado, entre outras, para que possam contribuir para a maturação da tecnologia e aproximação ao mercado.

Ao todo o BIP PROOF já distinguiu um total de 55 ideias inovadoras com mais de 600 mil euros.

Nas suas várias edições, a inciativa tem demonstrado grande impacto em áreas como colaborações com entidades externas (seja academia, indústria ou instituições públicas), publicações e nova investigação e também aspetos socioeconómicos, destacando-se os mais de 2 milhões de euros em financiamento arrecadados pelas equipas ao longo do tempo.

 

Esta edição do BIP PROOF (2024-2025) contou com o apoio da Fundação Amadeu Dias e da Caixa Geral de Depósitos.