“Triboelectric driven turbine to generate electricity from the motion of water “é uma tecnologia nascida no IFIMUP que permite gerar energia elétrica útil em locais remotos. Esta energia pode gerar-se no local onde estão dispositivos de sensorização e alimentar, por exemplo, dispositivos ou sensores em redes de abastecimento de água ou em sistemas de rega agrícolas na era da internet das coisas (Internet of Things).

Sete investigadores do Instituto de Física dos Materiais da Universidade do Porto (IFIMUP) - Cátia Rodrigues, Carla Alves, Joel Pulga, Filipe Falcão, Francisco Carpinteiro, André Pereira e João Ventura – criaram esta turbina triboelétrica que gera energia elétrica utilizando o movimento de fluidos. A invenção é um de muitos resultados de anos a trabalhar em energy harvesting, isto é, em tecnologia para recuperar energia do meio ambiente, e que, há dois anos, passou por um dos seus momentos fulcrais de desenvolvimento: “Em 2015 decidimos introduzir uma nova tecnologia baseada no efeito triboelétrico (aquele que nos dá um choque quando tocamos na porta no carro) e utilizar também nano materiais”, conta João Ventura. Depois, foi desenvolvido também um protótipo capaz de aproveitar pequenos fluxos de fluidos como água, ar, etc., para gerar energia elétrica que possa ser utilizada para alimentar sensores.

Falamos, então, de uma tecnologia que pode ser incorporada em redes de água ou canalizações para alimentar dispositivos ou sensores e, como explicam os investigadores, as vantagens da sua utilização são muitas. Em primeiro lugar, permite uma alimentação eletrónica de baixo consumo “sem ser necessário utilizar baterias ou alimentação externa”, refere João Ventura. Deste modo, podem ser alimentados sensores de fluxo, temperatura, pressão, entre outros. Além disso, tem ainda a grande vantagem de ser uma tecnologia “verde, de baixo custo, que pode contribuir para gerar eletricidade para a rede, baixando o custo da eletricidade doméstica”, explicam os cientistas.

O processo de registo de patente tem sido, desde o início, acompanhado pela U.Porto Inovação. Neste momento está-se a trabalhar num pedido internacional de patente na Europa e nos Estados Unidos da América. João Ventura salienta que a “grande dedicação e profissionalismo” da U.Porto Inovação têm sido fundamentais não só ao nível de apoio na propriedade intelectual mas também para obtenção de financiamento no Sistema de Incentivos à Proteção de Direitos de Propriedade Industrial do Compete 2020.

Só assim, conjugando a interdisciplinaridade da U.Porto com o empreendedorismo e mentes brilhantes dos seus cientistas e investigadores, foi possível alcançar o nascimento da empresa inanoEnergy, cuja base são as invenções baseadas em energy harvesting acima referidas. A empresa spin-off foi fundada no início de 2016 com o objetivo de, como explica João Ventura, “comercializar soluções de recuperação de energia utilizando nano materiais”. Atualmente, a equipa está a trabalhar com o objetivo de comercializar a tecnologia através da própria empresa ou de uma parceria com uma empresa estratégica no setor. A ideia é fazer com que a solução chegue ao mercado, podendo ser aproveitada pela indústria têxtil, do calçado, automóvel, agrícola e no ramo da saúde.