Lucas da Silva, engenheiro mecânico, investigador na área, docente na Faculdade de Engenharia da U.Porto, empreendedor, sonhador. Os títulos são muitos para descrever a pessoa em si e o trabalho que tem desenvolvido ao longo de mais de 20 anos na Universidade do Porto.

A primeira vez que comunicou uma invenção à U.Porto Inovação foi em 2013 e neste momento já vai em cinco, sendo um investigador muito ativo no portfolio de patentes da Universidade do Porto. E o que mais o apaixona no ramo da investigação são as ligações adesivas, mundo que, na sua opinião, tem ainda muito por onde se investigar. “Continuo a trabalhar na área das ligações adesivas. Não sei fazer outra coisa. Felizmente ainda existem muitos temas de investigação nesta área”, conta.

Falemos, por exemplo, da invenção “Torsion Machine”, na qual Lucas da Silva tem vindo a trabalhar em conjunto com mais seis investigadores da FEUP do INEGI. Trata-se de uma máquina de torsão especificamente para juntas adesivas, que tem resultados muito mais precisos do que outros métodos e possibilita que os testes sejam feitos por menos de um terço do preço. Explicado de forma simples, imaginemos que a meio de uma viagem de carro um dos vidros cai por causa de um problema na junta adesiva. A “Torsion Machine” permite que esse material, que é colante e muito leve, possa ser testado ao nível da resistência. Segundo o grupo de investigação da FEUP e INEGI, a torsão é precisamente uma das melhores formas de testar as juntas adesivas, mas as soluções atualmente existentes no mercado são muito dispendiosas. E foi isso que os levou a criar esta nova máquina que “consegue controlar a força e o deslocamento aplicados, portanto pode fazer testes de fluência, testes de relaxação, testes de controlo do momento torsor e testes de controlo da taxa de deslocamento”, explica Lucas da Silva.

Este não é, no entanto, o único projeto que o investigador tem no domínio das juntas adesivas. Lucas da Silva lidera atualmente Lidera o Grupo de Adesivos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, um laboratório composto por pós-doutorados, alunos de doutoramento e alunos de mestrado. O trabalho abrange a caracterização mecânica de adesivos, especialmente em termos de tenacidade à fratura, modelação com modelos analíticos e elementos finitos, sempre sustentada por testes experimentais cuidadosos. 

Todo este trabalho das equipas em que Lucas da Silva tem colaborado despertou já interesse no mundo das empresas, o que é um reconhecimento muito importante para o investigador: “Temos cada vez mais ligação à indústria, o que nos deixa muito felizes porque podemos aplicar na prática conceitos mais teóricos”, diz. Alguns exemplos de colaboração são a empresa John Deere, que fabrica equipamentos agrícolas, e também o setor automóvel, nomeadamente a Aston Martin, para o qual a equipa de Lucas da Silva está a desenvolver equipamentos de teste de adesivos de impacto como a Torsion Machine.

E quem diria que, quando criança, Lucas da Silva sonhava em ser jogador de futebol? “Na altura não pensava em ser investigador e não tinha nenhuma paixão”, conta, ao mesmo tempo que confessa ter escolhido a engenharia mecânica apenas pelas ditas melhores saídas profissionais à época. No entanto, hoje afirma sem hesitar que a paixão pelo trabalho é, em si, um sonho realizado: “Adoro o que faço e não quero outra coisa. Sinto que o meu trabalho na Universidade do Porto é útil e reconhecido”, conclui.